a escorrer-nos pelas mãos encaixadas
- tipo relógio de areia que faz
o mundo tombar de uma palma
para a outra - ocupamos os compassos
da nossa espera mortal com esta vida desequilibrada
numa interminável sessão de perguntas
e respostas. E tudo isto para quê?
Numa fila lá atrás um homem
caiu da cadeira, o seu olhar petrificado
deixou um aviso aos presentes:
não há resposta para a morte.
Incomodados levantaram o corpo,
alguém que nunca conhecera o defunto
proferiu umas palavras de consolo
dirigidas à audiência de condenados
e de seguida fechou-se aquela sombra
num saco negro dentro da despensa.
- Oblivion starts with a hand
looking for confort
over a dead man's eyes -
A homilia prosseguiu.
Um rol de nomes foram chamados
prestou-se o culto aos fantasmas dos outros,
exumou-se novamente o corpo cansado
de Cristo e seguiu-se o canibalismo ritual.
Tudo em nome do medo. O medo é a super-cola
da nossa feliz sociedade. Quase não se vive
e do pouco que ainda se vive pagam-se
altíssimos impostos e cumprem-se castigos
para se obter o perdão de um criador
que de perfeita só tem a Sua contradição.
("He sets the rules in opposition. It's the goof of all time.
Look but don't touch. Touch, but don't taste. Taste, don't swallow.
And while you're jumpin' from one foot to the next,
what is he doing? He's laughin' His sick, fuckin' ass off!
He's a tight-ass! He's a SADIST! He's an absentee landlord!
Worship that?")
Look but don't touch. Touch, but don't taste. Taste, don't swallow.
And while you're jumpin' from one foot to the next,
what is he doing? He's laughin' His sick, fuckin' ass off!
He's a tight-ass! He's a SADIST! He's an absentee landlord!
Worship that?")
Fornalhas de gerações irrecuperáveis,
de pais que trancam os filhos e os obrigam
a ensaiar até ao desespero cantigas
que forçosamente falam da eternidade...
Mas no final quem os ouve?
Ainda uma última pergunta: estão ao menos
confiantes que este Deus não teria antes
preferência por um concerto rock
com algum sexo e drogas à mistura?
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