Na focus desta semana, num artigo a propósito da estreia do novo documentário de Michael Moore, vem referenciada uma experiência realizada em 1963 pelo psicólogo Stanley Milgram que me interessou particularmente. Eis o excerto do artigo que nos relata essa experiência:
«O trabalho pretendeu apurar de que forma é que os indivíduos tendem a obedecer às autoridades, mesmo que estas contradigam o bom-senso indidvidual. As pessoas foram recrutadas num anúncio publicado num jornal do Connecticut em que se pediam voluntários para participar numa experiência, na Universidade de Yale, sobre "memória e aprendizagem". Aos participantes, que receberam quatro dólares, ocultou-se o facto de estarem na realidade a participar numa experiência sobre obediência. Foram testadas pessoas de todos os tipos de idades, desde analfabetos a doutorados, dos 20 aos 50 anos.
Foi-lhes dito que o estudo servia para perceber o papel dos castigos corporais na aprendizagem. Supostamente a experiência teria dois voluntários, um no papel de "professor" e outro no de "aluno". Esses papéis são falsamente sorteados, os voluntários reais vão fazer o papel de "professor", os que fazem de "alunos" estão combinados com os investigadores.
Os supostos "alunos" estão presos a uma cadeira, com fios eléctricos, e é dito ao "professor" que os choques eléctricos que serão ministrados ao "aluno" podem ser muito dolorosos, embora não mortais.
De cada vez que o "aluno" falha uma pergunta leva um choque eléctrico com uma intensidade crescente. O choque máximo atinge, supostamente, a intensidade de 450 volts. O voluntário pensa que está a dar uma descarga no "aluno", quando na verdade não passa de uma simulação. Ao chegar aos 300 volts o "aluno" deixará de responder às perguntas e começará a fazer sons de sofrimento, que supostamente antecedem o coma.
Reagindo às queixas dos "alunos", os voluntários começavam a perguntar se podiam interromper a experiência, a que o cientista respondia que era essencial continuá-la. Se o voluntário se recusasse a prosseguir os "choques eléctricos", a experiência terminava.
Os resultados dos estudos de Milgram foram surpreendentes: mais de 65 por cento das pessoas, apesar de parte delas contrariadas, aplicaram supostos choques eléctricos que, a terem sido reais, teriam infligido lesões graves.»
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