Um dia eu voltarei aos mesmos lugares, estes lugares que se foram tornando importantes por razões que não se enlistam, motivos dispersos, lembranças vagas ou simples imagens que não se explicam mais do que se sentem. Voltarei preparado com novas palavras, palavras pequenas que silenciam as outras, novas maneiras de confrontar o lado profundo das coisas e trarei alguém comigo, alguém especial que possa viver com a calma que eu sonhei. Sem demasiadas instruções, sem justificações. Começo a estar menos e menos curioso quanto ao que me espera lá à frente mas já me revejo na imagem que identifico, ainda que num absoluto abstracto, das pouquíssimas pessoas a quem me hei-de dedicar apostando nas suas apostas. Sinto aos poucos que nunca estive preparado para ter as minhas próprias ilusões porque neste momento me caem todas umas em cima das outras e ficam no caminho. Não sei sonhar como deve ser, parece-me. Mas vou saber calar-me as vezes que forem necessárias para soltar um espírito capaz de sonhar, vou motivar todos os desaires, vou alicerçar ânsias e deixar que o mundo se desenrole furioso sobre alguém como poucas vezes o senti a desenrolar sobre mim. Já não tenho pressa para nada, o que me há-de vir virá mais tarde ou mais cedo, o dia não interessa.
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