segunda-feira, junho 11, 2007

Uma despedida

A tarde que minou o nosso adeus.
Tarde acerada e deleitosa e monstruosa como um anjo escuro.
Tarde em que viveram os nossos lábios na intimidade nua dos beijos.
O tempo inevitável transbordava
sobre o abraço inútil.
Na paixão fomos pródigos, não para nós, mas para a solidão já próxima.
Rejeitou-nos a luz; a noite chegara com urgência.
Fugimos prà cancela com a gravidade da sombra que uma estrela alivia.
Como quem volta de um perdido prado voltei do teu abraço.
Como quem volta de um país de espadas voltei das tuas lágrimas.
Tarde que dura, vívida como um sonho
no meio das outras tardes.
Mais tarde fui atingindo e transpondo
noites e singraduras.

- Jorge Luis Borges

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