domingo, junho 10, 2007

À dimensão real


Se uma mão aberta estendida
Segura apenas um grão de areia
E no universo da palma da mão
Tudo o que existe é esse grão

O que me dizes se te digo que é tudo?

Talvez penses que não lhe vais dar toda a tua atenção
Porque afinal não passa da porcaria de um grão

Mas enganas-te porque se um grão é tudo
Nós somos seres esquisitos e complexos
Capazes de nos perdermos tanto no ínfimo
Como nos perdemos a contemplar o infinito

Se tu fosses só um animal cheiravas o grão
depois desistias dele e o tédio matava-te
mas como és homem vais desprezá-lo
nos primeiros cem olhares e só depois
vais tocar-lhe e vais brincar com ele
vais falar-lhe e fazer-lhe confidências
vais interessar-te e fazer-lhe perguntas
E finalmente vais-te apaixonar

por um simples grão de areia

É, nós somos assim, encantáveis
Somos criaturas confundidas por dimensões falsas
Quando a única verdadeira dimensão para o mundo somos nós

e foi Deus que nos criou assim quando quis medir a sua obra.

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