Há dias assim, dias em que me sinto um prego espetado numa parede carregando no pescoço um quadro que dispõe uma paisagem rural inerte. Um desses quadros que representam aqueles olhares vazios sobre as planícies secas dos lugares mais taciturnos.
É triste porque no quadro não há sequer uma brisa de vento que passe para mover as plantas e assegurar-me que alguma coisa pode mudar. Poderia vir uma tempestade com fúria que arrancasse a vida morta do terreno e fizesse chorar sobre aquela terra estúpida algumas noções frescas... Mas não, num quadro assim, desses vulgares, pintados por pintores com demasiado tempo-livre, como eu aqui e agora, neste tipo de quadros não se promete nada, aquieta-se uma natureza na fraqueza dos tons amarelos e nós se olhamos para ali é para nos perdermos em pensamentos igualmente desinteressantes.
Em dias assim eu sou esse prego, a minha função é manter este quadro de merda à vista de quem não passa por aqui. E eu quero que a parede se rache e a racha passe por mim... Mas depois penso que amanhã ou depois o quadro poderá mostrar outro lugar, uma praia, um rio, uma magnífica montanha, um bordel, sei lá...
É triste porque no quadro não há sequer uma brisa de vento que passe para mover as plantas e assegurar-me que alguma coisa pode mudar. Poderia vir uma tempestade com fúria que arrancasse a vida morta do terreno e fizesse chorar sobre aquela terra estúpida algumas noções frescas... Mas não, num quadro assim, desses vulgares, pintados por pintores com demasiado tempo-livre, como eu aqui e agora, neste tipo de quadros não se promete nada, aquieta-se uma natureza na fraqueza dos tons amarelos e nós se olhamos para ali é para nos perdermos em pensamentos igualmente desinteressantes.
Em dias assim eu sou esse prego, a minha função é manter este quadro de merda à vista de quem não passa por aqui. E eu quero que a parede se rache e a racha passe por mim... Mas depois penso que amanhã ou depois o quadro poderá mostrar outro lugar, uma praia, um rio, uma magnífica montanha, um bordel, sei lá...
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