A clara plenitude de um poente
exaltou a rua,
a rua aberta como um amplo sonho
rumo a qualquer acaso.
O límpido arvoredo
perde a última ave, o oiro último.
A mão esfarrapada de um mendigo
agrava a tristeza da tarde.
O silêncio que habita nos espelhos
rompeu o seu cárcere.
A escuridão é o sangue
das coisas feridas.
No incerto ocaso
a tarde mutilada
foi umas pobres cores.
- Jorge Luis Borges
1 comentário:
Os ocasos inspiram-nos.
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