segunda-feira, junho 11, 2007

Fins de tarde

A clara plenitude de um poente
exaltou a rua,
a rua aberta como um amplo sonho
rumo a qualquer acaso.
O límpido arvoredo
perde a última ave, o oiro último.
A mão esfarrapada de um mendigo
agrava a tristeza da tarde.

O silêncio que habita nos espelhos
rompeu o seu cárcere.
A escuridão é o sangue
das coisas feridas.
No incerto ocaso
a tarde mutilada
foi umas pobres cores.

- Jorge Luis Borges

1 comentário:

elouise disse...

Os ocasos inspiram-nos.