domingo, junho 17, 2007

Destino de Mulher


Assim como o rei, andando à caça,
pega, para beber, em qualquer copo, -
e assim como aquele, que era seu dono,
o põe de parte e guarda, como se copo não fora:

assim o Destino talvez também sedento
leva à boca de vez em quando e bebe
uma Mulher que depois uma vida pequena,
com medo de a quebrar, põe fora de uso
na vidraceira medrosa e cautelosa
em que se guardam preciosidades
(ou as coisas que valem como tais).

E ei-la estranha e como que emprestada,
e simplesmente envelheceu e cegou,
sem jamais ter sido rara ou preciosa.

- Rainer Maria Rilke

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