sábado, junho 30, 2007

concentrados metonímicos


eu posso sair à rua com uma rede nas mãos
ir atrás de borboletas, pássaros e outros bichos,
posso apanhá-los e à vida deles, voltar para casa
e fechá-los numa gaiola muito apertada, fechá-los todos juntos
e chamar poema a essa gaiola, sim isso resultaria

as asas atrofiadas transformavam-se em palavras
os últimos sons dos bichos agonizantes repetir-se-iam infinitamente nos versos
e que eloquente seria esse poema aos olhos dos peneirentos que prestam culto à literatura de sacrifícios
a essa poesia que anda atrás do mundo para o encarcerar nela e não oferece nada
compreensão nenhuma, grades, só grades
gradeamentos de estilo e artifício
para nos manterem presos
enquanto as penas caem no chão.

2 comentários:

elouise disse...

Quando fizeres uma antologia dos teus poemas, este poema vai fazer parte dela.

Diogo Vaz Pinto disse...

estava um pouco inseguro em relação a este...
estou mais descansado