Ok, então o pasquim americano Washington Post decidiu experimentar a atenção dos americanos e a sua capacidade para reconhecerem uma peça de arte musical. Convidaram um virtuoso do violino para tocar uma peça clássica com o seu valiosíssimo Stradivarius, numa estação de metro da cidade, durante cerca de uma hora, a hora mais movimentada da manhã. Isto aconteceu depois de Joshua Bell (o violinista), dias antes, ter actuado para uma plateia lotada no Symphony Hall de Boston. É claro que como não havia ali nenhum aviso e sendo que o rapaz estava a tocar como toca qualquer outro músico que se enfia no metro para ganhar uns trocos, os desavisados não deram pelo que se estava ali a passar.
Há quem agora venha reclamar com esta experiência tinhosa do Washington Post mas a verdade não deixa esconder que a arte para ser reconhecida pede alguma educação, e para muita gente educação é um anúncio na televisão a chamar todas as pessoas para um concerto num pavilhão qualquer. Há realmente quem se interesse mais e consiga ser impressionado em cada canto. Eu não digo que eu pararia (quer dizer... provavelmente até parava mas isso é porque tenho andado desocupado) mas o que acho que é difícil contradizer é que se por um lado as pessoas andam numa histeria colectiva atendendo a diversas iniciativas vulgares (creamfildes, sapos sound sistemas, rockes in rios e concertos de bandas acabadas que aparecem cá todas as semanas e que cobram aí sim verdadeiros rios de dinheiro) por outro lado essas mesmas pessoas revelam uma atitude dispicienda em relação às revelações artísticas que não estão agressivamente sinalizadas.
Eu sei de um exemplo fenomenal disto mesmo. Conheço um bar onde vou mais de uma vez por mês e onde toca a melhor banda de covers portuguesa (sim estou mesmo convencido disto) e certamente uma das melhores do mundo. Tocam tão bem que as covers são em muitos casos superiores às músicas originais, além do que os músicos dessa banda sabem dar espectáculo e divertir a audiência. Mas apesar disso estão ali assim num bar porreirinho mas que não é nada de especial (tem lá um empregado que é um filha da puta que um dia destes me está a levar um selo naquela tromba... mas isso resolve-se... a música é que é um espectáculo!) e eles ganham ali uns trocos e o pessoal que enche o bar é gente que está lá sempre. Ou seja, o que quero dizer é que as coisas boas às vezes não se encontram tão facilmente que baste ligar a televisão para ver uma novela de merda qualquer e ficando uns segundos a olhar durante o intervalo voilá, às vezes é preciso procurar um pouquinho e mesmo assim não muito... Porque as coisas boas cheiram bem mesmo de muito longe.
Antes de deixar aqui este post li algumas críticas que destoam das impressões imediatas que avultam nesta experiência mas aquilo com que devíamos estar todos um pouco preocupados são os excessos que se cometem quando o objectivo é participar de eventos artísticos. Vêm uns filhos da puta lá do cu fazer aqui o dinheiro que nenhum artística de cá faz e a razão é porque nós somos uma merda, não é? O caralho é que somos! Somos muita bons, mas não somos todos muita bons, a maioria de nós não vale nada (é assim em todo o lado) mas eu asseguro-vos que naquele bar há noites mágicas por cinco euros. Ahh e eu nunca tive que ficar em pé, nem tive que ter um monte de gente encostada a mim a fazer-me sentir uma sardinha de lata. Prefiro sentir-me uma sardinha no mar e não pagar uma coisa qualquer só porque vou ter tanta companhia que parece que de repente ganhei um bando de amigos perdidos.
Há quem agora venha reclamar com esta experiência tinhosa do Washington Post mas a verdade não deixa esconder que a arte para ser reconhecida pede alguma educação, e para muita gente educação é um anúncio na televisão a chamar todas as pessoas para um concerto num pavilhão qualquer. Há realmente quem se interesse mais e consiga ser impressionado em cada canto. Eu não digo que eu pararia (quer dizer... provavelmente até parava mas isso é porque tenho andado desocupado) mas o que acho que é difícil contradizer é que se por um lado as pessoas andam numa histeria colectiva atendendo a diversas iniciativas vulgares (creamfildes, sapos sound sistemas, rockes in rios e concertos de bandas acabadas que aparecem cá todas as semanas e que cobram aí sim verdadeiros rios de dinheiro) por outro lado essas mesmas pessoas revelam uma atitude dispicienda em relação às revelações artísticas que não estão agressivamente sinalizadas.
Eu sei de um exemplo fenomenal disto mesmo. Conheço um bar onde vou mais de uma vez por mês e onde toca a melhor banda de covers portuguesa (sim estou mesmo convencido disto) e certamente uma das melhores do mundo. Tocam tão bem que as covers são em muitos casos superiores às músicas originais, além do que os músicos dessa banda sabem dar espectáculo e divertir a audiência. Mas apesar disso estão ali assim num bar porreirinho mas que não é nada de especial (tem lá um empregado que é um filha da puta que um dia destes me está a levar um selo naquela tromba... mas isso resolve-se... a música é que é um espectáculo!) e eles ganham ali uns trocos e o pessoal que enche o bar é gente que está lá sempre. Ou seja, o que quero dizer é que as coisas boas às vezes não se encontram tão facilmente que baste ligar a televisão para ver uma novela de merda qualquer e ficando uns segundos a olhar durante o intervalo voilá, às vezes é preciso procurar um pouquinho e mesmo assim não muito... Porque as coisas boas cheiram bem mesmo de muito longe.
Antes de deixar aqui este post li algumas críticas que destoam das impressões imediatas que avultam nesta experiência mas aquilo com que devíamos estar todos um pouco preocupados são os excessos que se cometem quando o objectivo é participar de eventos artísticos. Vêm uns filhos da puta lá do cu fazer aqui o dinheiro que nenhum artística de cá faz e a razão é porque nós somos uma merda, não é? O caralho é que somos! Somos muita bons, mas não somos todos muita bons, a maioria de nós não vale nada (é assim em todo o lado) mas eu asseguro-vos que naquele bar há noites mágicas por cinco euros. Ahh e eu nunca tive que ficar em pé, nem tive que ter um monte de gente encostada a mim a fazer-me sentir uma sardinha de lata. Prefiro sentir-me uma sardinha no mar e não pagar uma coisa qualquer só porque vou ter tanta companhia que parece que de repente ganhei um bando de amigos perdidos.
Sem comentários:
Enviar um comentário