quarta-feira, dezembro 06, 2006

Vimos todos os filmes


Vimos todos os filmes
mas ainda não sabemos o fim de nenhum,
somos como a luz que desconhece
a própria velocidade.
Os relógios são a decoração doméstica
da angústia, damos corda
aos que precisam e não precisam
sem sabermos nada
da corda e da angústia.
Anos e anos amontoam-se
como nuvens ou tumores benignos
entre as nossas pequenas ciências
e o pressentimento de que
Deus escreve direito e nós
somos as linhas tortas.

- Pedro Mexia

1 comentário:

Anónimo disse...

Essa será a vantagem de ser unico...será não saber o desfecho e a concretização de uma realidade...vejamos por isso, a objectividade humana, a vivência direccionada para fins sucessivos, a recuperação das memórias que dão razão ao imaginário do presente para serem de novo esbatidas num futuro do ideal...tudo isto é valor...mesmo na imprevisibilidade, toda a experiência desconhecida, todo o fim ocultado, expressa-se no sujeito, como valor e entoação para novos fins...