São as portas que nos abrem. O tamanho do quarto não interessa, somos quartos. Um quarto só ou o quarto de uma casa familiar quando temos família, essa sorte que nos rouba da solidão maior. Mas nos nossos pequenos quartos em crescimento não há sempre luz, não há sempre uma janela aberta e mesmo que a mantenhamos aberta nem sempre é dia lá fora e às vezes a noite é escura como breu e não existem luzes nem sombras nem espaços. O negrume aperta mesmo sem tocar, a liberdade que o corpo tem não faz nenhuma diferença porque sem vermos e sem consciência o movimento não é nosso, é um espasmo, só a intranquilidade, só a sensação de asfixia das coisas que enchemos no espaço irreal... Uma vez uma professora fez uma aula de artes entender que o nada nunca seria escuro, o escuro é cheio, o preto é um congestionamento de todas as cores, um exagero que nos cega mas o branco isso sim é vazio. Ali no escuro o quarto estamos demasiado vivos e o pensamento é demasiado forte e cada espaço cheio das coisas que não queremos que lá estejam torna-se ameaçador... O medo do escuro, medo da liberdade total da imaginação, a bestinha que adora pregar sustos.
Uma pessoa fechada é um quarto fechado, escuro, é uma pessoa assustada consigo mesma.
O que nos abre são as portas.
Uma janela lá para fora só nos faz sentir quietos, a sós, esquecidos num quarto.
Uma pessoa fechada é um quarto fechado, escuro, é uma pessoa assustada consigo mesma.
O que nos abre são as portas.
Uma janela lá para fora só nos faz sentir quietos, a sós, esquecidos num quarto.
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