quarta-feira, novembro 01, 2006

Grogue


Das pessoas boas parece normal admitir-se que se pode esperar tudo. É claro que este tudo é entendido como um tudo de bom, sim porque quando uma pessoa se revela inteligente e honesta em relação ao mundo que vê e aceita então essa pessoa tem uma dívida pessoal qualquer para com as pessoas que cruzam o seu caminho... Esta dívida é um dever qualquer, um dever moral que por alguma razão quem está do lado de lá se sente no direito de reclamar, quase como se fosse um direito absoluto contra a pessoa boa.
Mas se uma pessoa é boa ela não pode ser boa a ser má? Percebem? Será que alguém que é bom é bom porque é alguém que por entender como as coisas são como são deve uma complacência com tudo porque pode entender o que acontece e escolher não se sentir revoltada com aquilo que é mau mas não é mau porque é mau é só mau porque não soube ser melhor...?
Eu diria que os bons serão os mais maus na hora que escolherem ser maus e os que lhes vierem com papelinhos cobrar promessas antigas em momentos em que apetecia mais a bondade desiludam-se, os bons não são santos nem parvos, são bons para o mundo apenas quando sabem ser melhores para si próprios.

Hoje castrámos o Nico, o gato, quando o trazíamos para casa a tipa que amarra com as mãos os animais nos seus momentos mais difíceis disse-me (quando lhe perguntei como estava o gato depois da intervenção) que ele estava um pouco grogue mas que isso passava... Ainda não passou mas amanhã passa.
Tudo passa, se calhar nada é mau demais. A não ser talvez o cancro e morrer e essas merdas...

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