quinta-feira, novembro 02, 2006

Filosofar



A professora distribui o teste. Estavam todos um bocado nervosos. Teste de filosofia é sempre esquisito. Este tinha apenas uma pergunta:

"O que é a coragem?"

Todos começaram a escrever furiosamente. Uns nas folhas de rascunho, outros directamente na folha de ponto, não fossem as duas horas suficientes. Compulsivamente despejaram conteúdos aprendidos ao longo de longas horas de aulas e de estudo, tentando de uma maneira ou de outra dar a volta ao estúpido teste que tinha apenas uma estúpida pergunta. "Epá fogo! Acho indecente! Só uma pergunta não dá hipóteses!" comentariam as raparigas duas horas depois. Mas nesse momento estavam a dar à caneta quase doentiamente. Todos. Todos menos um. Um que não era ninguém de especial, mas que nesse dia em vez de escrever pa caraças teve ali que tempos a pensar, a pensar, sei lá no quê... não leio pensamentos. Mas quando já faltava pouco tempo para acabar o teste escreveu qualquer coisa e entregou. A professora não tinha dado conta de nada, arrumou os testes e levou-os para casa. Em casa, ao corrigir, chegou ao teste do tal:

"O que é a coragem?"
R: A coragem é isto.

E as outras quatro páginas da folha de ponto tavam todas e só em branco.
Teve 20.

3 comentários:

Diogo Vaz Pinto disse...

Excelente... Já tinha ouvido essa história parece que foi lá no Valsassina com a professora Manu.
É uma daquelas histórias que vale mesmo a pena conhecer e recordar... Já não pensava nela há uns bons tempos.

Arrebenta disse...

O problema é que todo o Ocidente está a caminho de fazer... isso...

Diogo Vaz Pinto disse...

oh arrebenta tás a ficar depressivo... mas que despropositado pá, lol... estamos ainda no perímetro do ensino secundário - deixa a adolescência espremer as suas borbulhas