sexta-feira, agosto 25, 2006

Mais cinema - Man about town e United 93

Voltei agora da galáxia verde onde passei umas horas em duas sessões seguidas... Primeiro o novo flop do Ben Affleck e depois o primeiro filme que aparece em retrato dos acontecimentos do 11 de setembro...
Não tou com muita paciência e por isso não me vou alongar.

O primeiro filme chama-se Man about town e é um filme francamente mau, interpretações fraquinhas, um enredo vulgar e até meio podre, uma realização deplorável... Só o elenco promete qualquer coisa mas mesmo depois na parte do que se concretiza o sentimento que deixa é o de que nos enganaram - além do Ben temos a única coisa boa do filme, a Rebecca Romijn Stamos (entenda-se que não é bem a sua interpretação a parte boa do filme), e depois temos o John Cleese que até está bem no seu estilo muito próprio mas passa por ali assim como que perdido, temos o gajo responsável pelo filme, o Mike Binder - que até é um actor interessante mas parece-me um realizador e argumentista meio fraco assim a roçar o merdoso - entre outros rostos que vão reconhecer de momentos melhores na grande tela... O filme supostamente deveria viver das personagens densas e interessantes mas falha porque são personagens com traços comuns de humanidade e sem traços especiais que nos puxem alguma emoção mais forte... A trama desenrola-se de uma forma um bocado caústica e não se percebe muito bem onde o filme nos quer levar, às vezes parece que tem uma mensagem mas depois desilude-nos, pensamos em sair da sala mas vamos ficando e às tantas lá aparece uma ou outra situação prometedora mas que é mal dirigida e acaba dando em nada... O filme é um desapontamento porque até nos faz pensar mas não segue uma linha de identificação, não tem um género, não é bem uma comédia e não é um drama, não é nada... Acho que deve ter resultado de uma daquelas vontades de escrever um argumento e fazer um filme, uma vontade que assaltou o Mike Binder só que depois ele até consegue levar isso avante mas não tem creme, não tem cerejas, é só pão-de-ló... Deve tê-lo escrito de madrugada depois de uns momentos mais longos a tentar soltar-se de um cócó mais teimoso... É parvo o filme, e é mau sobretudo porque sentimos que nós na cadeira de realizador faríamos um trabalho melhor... Este filme é mau mas não é simplesmente mau, é estranhamente mau, é um desperdício do nosso tempo (e em alguns casos, que não o meu, de dinheiro) mas é um desperdício com uma agravante - pode deixar-nos dúvidas sobre a sua falta de qualidade exactamente porque não se consegue identificar os objectivos do filme e talvez o Mike consiga sacar umas razões que justifiquem este esforço...
Tenho pena pelos actores que se envolveram no esforço, sobretudo o Ben que anda a precisar de um filme de jeito para o levantar de novo - ele até é muito bom rapaz, mesmo que não seja grande actor, podem dizer que parece tontinho até por se ter metido com a parvalhoca da latina, a Jennifer Lopez (ou J-Lo, o outro nick idiota que esse pessoal arranja quando não sabe mais o que fazer com a carreira), mas o que interessa é que ele parece um tipo porreiro e merece continuar como protagonista daqueles blockbusters americanos das high seasons...
Bem já chega deste, que fica com um 3.8 (de 0 a 10)... Passemos ao seguinte.

O outro filme que fui ver é de um realizador que quanto a mim é bastante mau... Tem um filme de que gostei bastante, o Bloody Sunday (também meio filme meio documentário) mas de resto foi o gajo que fez do Bourne Supremacy uma sequela manhosa para o fantástico Bourne Identity...
Acho que o United 93 é um filme fraquinho, se calhar é uma granda merda mas como se apanhou com uma história real e muito poderosa acaba por surtir algum efeito sobretudo porque faz muito bem um exercício - não reconhecemos praticamente as caras dos actores escolhidos (eu só reconheci dois e fiquei com dúvidas em relação a um terceiro)... De resto aquilo é mais de metade do filme uma seca do caraças mas como sabemos que lá para frente há molho ficamos ali à espera, agarrados, à espero do sinal... E depois... Vem a cena final, que tem muita força, é longa, realística (como o resto do filme) e poderosa na impressão que consegue causar...
Parece-me que o filme cumprirá os requisitos mínimos e dá-nos uma imagem real de como se passaram as coisas mas veio ocupar-se de retratar uma situação real que poderia ter sido trabalhada de outra maneira, sendo mais humanística e aproximando-nos muito mais da tragédia... Vi aquilo sem sentir muito mais do que já sentia sobre a ideia base do filme quando cheguei à sala - os tipos que iam naquele vôo apercebem-se das intenções dos terroristas e agem, mandam-lhes os planos de serviço a esse alá pervertido p'ró caralho e se calhar até lhes fodem a cama no céu onde haviam de tirar a virgindade às setenta e tal virgens...
É um trabalho de imagens que tira o lugar a outros que poderiam ter sido bem melhores mas eu também não estava à espera que estes primeiros filmes baseados no 11 de setembro fossem grande coisa... Tenho ainda que ver o do Oliver Stone que parece também não ser grande pistola mas deve ser mais interessante que este - até porque o Oliver Stone é muito melhor realizador - mas de qualquer forma penso que só vamos ver uns filmes assim mais como deve ser daqui a mais uns 5 a 10 anos, porque neste momento os americanos ainda sentem muito o dói-dói e haviam de se pôr com um estrilho e um alarido do caraças se algum filme sobre o 11 de setembro viesse pôr o dedo na ferida ou ousar mexer nos factos e expô-los de uma maneira mais arrojada...
O maior problema deste filme é que não dá muito a quem o vê mas não é realmente mau, falta-lhe é aquele quê de interesse, alguns pormenores... Tem pouco esforço.
Dou-lhe um 4.0...

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