segunda-feira, janeiro 06, 2020

CASA PARANAVAIENSE


dura de um setembro a outro
junho não mais que isso
uma casa quente sem chão fixo

onde se busca a sombra menos quente onde
se escorre mais demorado um pouco menos de suor

onde pousam os olhos pesados e secos
quase se tivesse dormido dobrado

a testa inteira granulada
coberta de terra vermelha

a mão mais que suada pingando
suada cada parte do corpo

casa quente rua que pega fogo
as crianças não usam roupa de dia nem
sabem o que é frio

o horizonte é sempre mesmo duvidoso e não existe
certeza pra mais de 1000m

o sol faz eco
e os ventiladores
por mais que gritem todos
não dão conta ao que foi dito

fim do dia a sola do chinelo é preta e dura
a rua mole só esfria recolhida
toda cota diária de piche

a noite entrando na cama
o corpo todo esticado busca o sono
e só acha possível quando plana

- Gregório Camilo 
retirado daqui

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