sábado, dezembro 30, 2017


se o pior que podes é uma lasca, o que tens de mais duro fica entre as costelas de um poema que se arrasta, mente mal, vai lá fora, mijar na cara dessa noite zarolha, se ao invés da inteireza de ficar de frente, se para a voz que tanto andou pelo fundo dos copos não tens uma frase, se nem para o menos tens uma mosca, e para o mais um insulto, se nem para cortar caminho a alguém, dizer não a tempo, articulando um resto de convicção, então nem a morte te dará saída, daqui, disto ou doutra miséria qualquer, e o trolha que anda pelos desvãos do mundo a trocar as lâmpadas suaves que te permitem olhar de lado, tem o teu buraco escavado, e nenhuma actriz saberá exumar esses restos, por muito que meça as pausas, por mais que apele ao fogo, esses rostos em que o dia não pôde deixar de ser o último, de ti nada ouviram, e tudo o que passaste a limpo, como se os versos de algum modo te justificassem, não era senão a gramática muito simples com que a morte fez um intervalo, pediu um shot, e bebeu-te a vida, de um trago, desejando-se saúde

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